Incêndio no Morro do Cristo

Todos os dias eu tenho acordado e colocado frutas na varanda. Banana, mamão e goiaba tem atraído saíras, cambacicas, sanhaçus e outras espécies. Certamente, a variedade ocorre graças a proximidade da mata do morro do Cristo. Infelizmente ontem, dia 09 de Setembro, a floresta sofreu um incêndio criminoso.

Quase cinco mil metros quadrados de vegetação foram atingidos, o que equivale a aproximadamente um campo de futebol. A reserva florestal do Morro do Cristo é considerada espaço de preservação permanente. De acordo com a tenente do Corpo de Bombeiros Nágela Lamin, responsável pela operação , não há como precisar as causas do incêndio, mas ela acredita que a baixa umidade do ar, que ontem chegou aos 26%, pode ter contribuído para a propagação das chamas, além dos ventos de 37 km/h e das altas temperaturas.

Foto de Igor Guedes de Carvalho na madrugada do dia 10 de Setembro


A origem certamente é humana. Um incêndio não tem início por geração espontânea. Apesar de me impressionar com a beleza e variedade ornitológica de nosso planeta a espécie que mais me impressiona é o ser humano. Ao mesmo tempo que temos pessoas com a sensibilidade de Mahatma Gandhi e São Francisco de Assis, temos, por outro lado, seres humanos capazes de causar tragédias como essas por simples banalidade.

Hoje, no dia 10 de Setembro, pouco antes de começar a primavera, não registramos uma única ave. Não apareceu nenhuma saíra, nenhum beija-flor, e tampouco o casal de sanhaçus-de-encontro-amarelo que nos visitavam diariamente.

Infelizmente, uma pessoa que quiser reconstruir toda a área afetada precisaria de dispôr de dinheiro, voluntários e, principalmente, boa vontade do poder público. Mesmo dispondo de todos estes recursos seria necessário pelo menos duas décadas para recompor a mata destruída. Um vândalo precisa apenas de alguns minutos para iniciar um incêndio com essas proporções, colocando em risco a segurança de vários moradores da região, causando redução da área verde, da biodiversidade, e interferindo na qualidade do ar.

Certamente muitos dos pássaros registrados em nossas fotos foram mortos nesse incêndio. Sobretudo os filhotes que, nestes casos, são os mais vulneráveis. Vou entrar em contato com a AMA-JF, uma das principais ONGs ambientais de nossa região, para discutirmos a possibilidade de reflorestar a área atingida.

Um grande abraço,

Igor Guedes de Carvalho